Teologia da Pregação e a Tradição
Síntese do livro Teologia, Uma introdução à teologia cristã, págs 226-232
A tradição nos serve como base para entendermos certos dados históricos.
Como ocorreu no séc. II, quando Irineu se valeu da tradição para argumentar com os gnósticos que eles haviam distorcido a mensagem bíblica, interpretando-a a seu bel-prazer.
Todo aquele que deseja encontrar a verdade deve levar em conta à tradição apostólica que se tornou conhecida em todas as igrejas do mundo inteiro, e essa tradição segundo Irineu foi transmitida pelos apóstolos aos bispos e assim aos seus sucessores até o presente momento.
Essa tese de Irineu é que havia dentro do cristianismo uma corrente contínua de ensinamentos, vida e interpretação que existia desde o tempo dos apóstolos até sua própria época, essa postura de Irineu contrasta claramente com os ensinamentos secretos e místicos dos gnósticos que não possuíam raízes apostólicas. A tradição é, portanto, aquilo que garante a fidelidade dos ensinos apostólicos originais, uma proteção contra as inovações e as distorções dos gnósticos em relação aos textos bíblicos.
Essa tese foi levada adiante, no início do séc. XV, por Vicente de Lérins que se preocupava com o fato de certas inovações doutrinárias estarem sendo introduzidas sem motivo apropriado, e a tradição era o padrão disponível por meio da qual a igreja pudesse se proteger.
Lérins inquietava-se diante de algumas perspectivas de Agostinho sobre a predestinação, que consideravam como inovações insensatas e precipitadas. Nesse período a regra para a interpretação das profecias e apóstolos estavam sob a orientação das normas da igreja católica, sendo sustentado por três pilares do padrão da igreja católica.
A Fé universal – a mesma fé que toda igreja confessa, reconhecendo-a com única e verdadeira em todo o mundo, o valor da sua antiguidade- que foi defendida pelos grandes santos e por nossos pais e seguir em consenso- seguir em consenso os conceitos ensinados pelos bispos e mestre dessa tradição, esse tríplice critério veio a ser conhecido como“ Canon vicentino”.
Para alguns a tradição era algo estático ligado ao passado que o presente era obrigado a se repetir, mas a tradição serviu para proteger a Igreja contra certos equívocos e doutrinas enganosas.
Para Johann Adam Möhler, o fundador da Escola Católica de Tübingen a tradição é a Palavra viva, perpetuada no coração dos fiéis, ela representa a fé universal da igreja ao longo dos tempos, manifestada por meio dos testemunhos históricos.
A igreja por meio da tradição perpetua e transmite a cada geração em sua doutrina, vida e adoração, tudo aquilo que ela mesma representa e acredita transmitindo o conteúdo da fé com base nas Escrituras sendo um processo vivo e dinâmico que passa adiante a fé cristã.
Para o teólogo John Meyendorf a tradição não é apenas algo que é transmitido paras as futuras gerações, mas também um processo ativo de reflexão por meio da qual as noções teológicas e espirituais são avaliadas e transmitidas de uma geração a outra.
É possível detectar três abordagens relativas à tradição dentro da teologia cristã.
A teoria da tradição fundamentada em uma única fonte
Na época patrística, séc. II, Irineu de Lyon desenvolveu uma interpretação oficial de determinados textos bíblicos, eles tinham que ser interpretados dentro do contexto da comunidade histórica da igreja cristã, simplesmente uma forma era correta para a interpretação, e a principal corrente da Reforma adotou essa perspectiva.
A teoria da tradição fundamentada em duas fontes
Nos séculos XIV e XV surgiu uma nova visão a respeito da tradição.
Que tradição oral era válida como uma segunda fonte de revelação, essa tradição retrocedia até os próprios apóstolos e foi transmitida de geração em geração no seio da igreja.
Eles se baseavam na tradição oral e nas Escrituras, essa tradição foi defendida pelo concílio de Trento, que determinou que as Escrituras não poderiam ser consideradas como única fonte de revelação, e que as Escrituras e a tradição deveriam ser consideradas como igualmente inspiradas pelo mesmo Espírito Santo.
No concílio do Vaticano II (1962-1965) parece que se afastar dessa visão em favor de uma abordagem baseada na interpretação bíblica tradicional.
A completa rejeição da tradição
Para os teólogos radicais do séc. XVI, como Tomás Müntzer e Gaspar Schwenkfeld, cada pessoa tinha o direito de interpretar as Escrituras com bem entendia, submetendo-se apenas à direção do Espírito Santo.
Para o radical Sebastian Franck, a bíblia é um livro lacrado com sete selos que ninguém pode romper, a não ser que possua a chave de Davi, que é a iluminação do Espírito.
Para Frank a opinião individual substituía a opinião coletiva que era defendida pela igreja e para ele Ambrósio, Agostinho, Jerônimo e Gregório nem ao menos conheceu ao Senhor e todos foram apóstolos do anticristo.
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