Parábola da luz e da cidade
Esse texto está em Mt 5:14-16
Nesse trecho, nosso Senhor emprega duas figuras de linguagem, como continua a ilustrar, a fim de que a sua influência fosse exercida no mundo. “Uma lâmpada […] num pedestal”; “Uma cidade situada num monte”. A cidade, construída numa posição de destaque, é vista por muitos olhos sobre uma grande área e representa a iluminação a longo alcance. Aqui temos incorporado o nosso relacionamento e responsabilidade. Como “cidade de Deus” (Ap 21:1-3), a igreja deve estar unida em amor, em amizade e em serviço, a fim de alcançar os que estão nas trevas e nas regiões distantes.
Então temos a figura da lâmpada que brilha e ilumina todos os que estão dentro da casa e do mundo. Todos os queridos, obedientes súditos do Rei, estão para radiar uma revelação espiritual a todos ao redor. Uma luz mostra o caminho a ser pisado; e a vida e exemplo cristão são para mostrar o caminho de volta a Deus. Não existe contradição entre o sal e a luz. Ambos os símbolos referem-se a uma qualidade moral de coisas. O mundo é corrupto, e sua iniquidade necessita dos santos como sal. O mundo também é cego e escuro, e sua ignorância requer os santos como luz.
A luz é de natureza tríplice: natural, artificial e espiritual. A luz do Sol é natural; a de uma lâmpada é artificial; a do mundo e daqueles que crêem é espiritual. “A luz do glorioso evangelho” (2Co 4:4,6; SI 119:105). A palavra que Cristo usa em referência a si mesmo não é “luz”, mas astros (Fp 2:15). Quão maravilhoso é para o Mestre dar-nos o título bem definido que tomou para si mesmo: “Eu sou a luz do mundo” (Jo 1:4,9; 3:19; 8:12; 9:5; 12:35,36). Não é uma luz emprestada, refletida. Como o eterno Filho, dele é a luz eterna, não criada.
Não somente concede a luz aos gentios (Ml 4:2); ele é luz. A Lua é uma luminária, mas não tem luz em si mesma. O que recebe vem do Sol, que a reflete no mundo. Como luminárias, não temos luz própria. “O que tens não recebeste?” Como seus discípulos, só podemos brilhar com a sua luz, em virtude de sermos seus. E, tendo o Espírito de luz que habita em nós e com a mesma mente de Cristo, atuamos como luzes que ardem em nossos dias (Jo 5: 35).
Uma lâmpada ou vela é um corpo escuro e não pode dar luz se não for acesa. Do mesmo modo não podemos dar luz se não tivermos recebido a divina graça e iluminação do Espírito de Deus. Uma vez que fomos iluminados, brilhamos e não escondemos a nossa luz sob um alqueire ou cama. Se o alqueire representa negócio, comércio, o trabalho e a cama, descanso e sossego, então devemos ter cuidado, com temor, de que os nossos negócios ou o nosso lazer não ocupem muito do nosso pensamento e tempo e diminuam a luz de nosso testemunho.
Alexander Maclaren uma vez disse: “Nenhum homem acende uma lâmpada e a coloca sob o alqueire. Se ele fizesse isso, o que aconteceria? Ou o alqueire colocaria a luz para fora, ou a luz colocaria fogo no alqueire!”. Certamente, isso está no coração de nosso Senhor para nos ensinar. Uma vez mais, ao comparar as figuras do sal e da luz, a fim de expressar como fazem a dupla função de cristãos, sua santificação e iluminação influenciam os outros e existe uma distinção a ser notada. “O sal opera internamente na massa com a qual ele entra em contato; a luz do sol opera externamente, para irradiar tudo o que alcança”, diz Fausset.
“Daí os cristãos serem denominados ‘sal da terra’ —alusão à massa da humanidade, com que devem misturar-se— e ‘luz do mundo’ —referência à vasta e variada superfície que sente a sua frutífera e alegre luz.” Desse modo, o Senhor termina com a exortação de deixarmos a nossa luz brilhar, uma luz refletida nas boas obras e resultante na glória de Deus. Podemos dizer que nossa vida é como “luz” que ajuda a glorificar o Pai pelo seu poder redentor e transformador. E, por nossa santificação e nosso coração iluminado, impressionaremos os que estão ao nosso redor, aqui e no exterior, com a realidade de sua graça e poder redentor e transformador?
Fonte Consultada:
Todas as parábolas da Bíblia – Uma análise detalhada de todas as parábolas das Escrituras
Herbert Lockyer – Editora Vida
Pags: 179-180
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