Os Pré-reformadores
Quando a igreja completou seu primeiro milênio, já tinha se espalhado por todo o mundo, porém estava completamente distanciada dos ditames da Bíblia sagrada. É nessa época que surge alguns homens levantados por Deus, que inconformados com as doutrinas heréticas ensinadas pela igreja, começaram a denunciar os erros doutrinários da mesma. Historicamente são chamados de “os precursores da reforma”. A pré – reforma como o próprio nome sugere foi o período que antecedeu a reforma protestante, que vai do final do século 13 a meados do século 16.
Ela é caracterizada pelo apontamento de algumas doutrinas heréticas defendidas pelo catolicismo romano através de teólogos e homens piedosos que não se conformaram com as heresias e atitudes errôneas dos líderes da igreja. A necessidade de mudanças profundas dentro da Igreja Católica no início do século XVI já vinha sendo anunciada, pois a Igreja estava em situação de profundo desprestígio. Esse período da Igreja, vivido pelos pré-reformadores, ficou conhecido como a fase da “Igreja Deformada”. Nesse ínterim, surgiram homens que exerceram grande influência sobre os reformadores. Dentre esses homens estão John Wycliffe, John Huss, Jerônimo Savonarola.
John Wycliffe (1328 – 1384)
Pouca informação se tem sobre sua infância, o que se sabe é que nasceu nas proximidades de Richmond, no condado de Yorkshire, na Inglaterra, pouco mais ou menos em 1324. Era de família pobre e o que parece é que seus pais eram camponeses. Mas isso não o impediu de entrar na universidade de Oxford, onde aproveitou todas as ocasiões para se instruir, ganhando bem depressa as boas graças do seu tutor, o piedoso e sábio Thomas Bradwardine, que fazia dele muito bom juiz. Na Universidade, aplicou-se nos estudos de teologia, filosofia e legislação canônica. Tornou-se sacerdote e depois serviu como professor no Balliol College, ainda em Oxford. Por volta de 1365 tornou-se bacharel em teologia e, em 1372, doutor em teologia.
Como teólogo destacou-se pela firme defesa dos interesses nacionais contra as exigências do papado, ganhando reputação de patriota e reformista. Wycliffe afirmava que havia um grande contraste entre o que a Igreja era e o que deveria ser, por isso defendia reformas, apontando a incompatibilidade entre várias normas do clero e os ensinos de Jesus e de seus apóstolos. Uma destas incompatibilidades era a questão das propriedades e da riqueza do clero. Wycliffe queria o retorno da Igreja à primitiva pobreza dos tempos dos evangelistas, algo que, na sua visão, era incompatível com o poder temporal do papa e dos cardeais.
A classe popular estimava-o porque ele se interessava pela sua causa e lhes explicava as Sagradas Escrituras em linguagem que podiam compreender; os fidalgos eram seus amigos porque ele os ajudava a resistir ao clero; e em Oxford não era menos estimado pela sua piedade do que respeitado pelo seu saber. Logo, a cátedra deixou de ser o único meio de propagação de suas ideias, quando iniciou a redação de seu trabalho mais importante. Entre as ideias mais revolucionárias desta obra, está a afirmação de que, nos assuntos de ordem material, o rei estava acima do papa e que a Igreja deveria renunciar a qualquer tipo de poder temporal.
Ele já tinha declarado que o papa, o soberbo padre mundano de Roma, era o Anticristo, e o mais maldito dos exploradores da bolsa alheia.
Apesar de sua crescente popularidade, a Igreja começou em censurar Wycliffe.
Wycliffe organizou um projeto de tradução das Escrituras, defendendo que a Bíblia deveria ser à base de toda a doutrina da Igreja e a única norma da fé cristã. Sustentava que o papa ou os cardeais não possuíam autoridade para condenar suas 18 teses, pois Cristo é a cabeça da Igreja e não os papas.
Para ele a verdadeira autoridade está nas escrituras, e que a Bíblia deveria ser um bem comum de todos os cristãos e precisaria estar disponível para uso cotidiano, na língua nativa das populações. Wycliffe porém não viveu o suficiente para ver a oposição dos bispos, pois que a 31 de dezembro de 1384, depois de uma vida agitada de sessenta anos, entrou no descanso eterno.
O seu corpo foi mais tarde desterrado e queimado, e as cinzas lançadas num regato próximo. Quando Wycliffe morreu os seus adeptos eram muitos, e havia-os entre todas as classes da comunidade. Parece que era em Oxford que havia maior número, e quando o Dr. Rigge, chanceler da universidade, recebeu ordem para impor silêncio àqueles que favoreciam o reformador, respondeu que não ousava fazê-lo por ter medo de ser morto. Todos os que adotaram publicamente a doutrina de Wycliffe eram chamados de lollardos, mas é certo que mesmo antes de Wycliffe aparecer já existiam muitos cristãos com essa denominação.
As suas doutrinas e opiniões eram em tudo iguais às do reformador, e parece que foram tão infatigáveis como ele em as espalhar. Assim como Wycliffe, eles também ensinavam que “o Evangelho de Jesus Cristo é a única origem da verdadeira religião; que não há nada no Evangelho que mostre que Cristo estabeleceu a missa; que o pão e vinho, ainda depois de consagrados, ficam sendo pão e vinho; que os que entram para os mosteiros ainda se tornam mais incapazes de observar as ordens de Deus; e, finalmente, que a penitência, a confissão, a extrema unção, não são precisas,nem se fundam nas Escrituras Sagradas”.
John Huss (1369-1415)
O movimento iniciado por Wycliffe continuou na Inglaterra sob restrições, mas encontrou uma oportunidade ainda maior de expansão na Boêmia. As duas nações se uniram em 1383 através do casamento de Ana da Boêmia com o rei Ricardo II da Inglaterra, e estudantes de ambos países iam e vinham entre Praga e Oxford. Enquanto os lollardos eram perseguidos na Inglaterra, dava-se um despertamento religioso noutro ponto da Europa, despertamento teve como chefe o mártir reformador John Huss.
Huss mostrara a sua simpatia pelas ideias de Wycliffe.
Assim como Wycliffe, pregava sempre ao povo na sua própria língua e, como ele, era severo e enfático quando fazia a exposição dos abusos que então prevaleciam; mas como era um favorito da corte não foi incomodado no princípio. Ele amava e respeitava a memória do reformador inglês, e ouviam-no orar muitas vezes na capela de Belém para que a sua alma pudesse ir juntar-se à de Wycliffe depois da sua morte. Huss ensinava que: Ser membro da Igreja hierárquica não é garantia de ser membro da verdadeira Igreja. Somente aqueles que foram predestinados por Deus antes da fundação do mundo são membros da verdadeira Igreja, Cristo somente e não o papa é o Cabeça da Igreja.
Começou a fazer oposição às indulgências acreditava e ensinava que somente a Bíblia é a regra de fé e prática. Pois, por seus ensinos e posicionamento ele é convocado a comparecer no concílio em Constância. Assim que Huss pôs os pés em Constância foi logo agarrado e lançado na prisão, sendo acusado de heresia. O concilio sabia perfeitamente que ele tinha um salvo-conduto, mas esta dificuldade foi logo resolvida, publicaram um decreto dizendo que não se devia guardar palavra com hereges. O povo ficou espantado quando soube da prisão de Huss, e os seus clamores indignados chegaram da Boêmia aos ouvidos do imperador
No começo de junho (1415) e antes de estar completamente restabelecido, começou o seu julgamento público, mas apesar de estar tão fraco, foi-lhe proibido ter um advogado, porque, diziam seus inimigos, um herege não podia ter defensor. Houve duas acusações contra ele; a primeira de crer nas doutrinas de Wycliff, a segunda, de estar “infectado com a lepra dos valdenses”.
No último momento de ainda fizeram uma tentativa para o induzir a assinar uma retratação, mas não o conseguiram:
“Tudo o que escrevi e assinei foi com o fim de livrar as almas do poder do Demônio, e livrá-las da tirania do pecado; e sinto alegria em selar com o meu sangue o que escrevi e assinei”. O eleitor, que tinha feito esta última tentativa, afastou-se então do lugar, e largaram fogo à lenha. Mas os sofrimentos do mártir acabaram depressa, e enquanto ainda orava a Deus decaiu-lhe a cabeça sobre o peito e sufocou lhe uma nuvem de fumaça. Assim, pois John Huss, que tinha dado uma boa confissão, obteve a coroa do martírio e partiu para estar com Cristo.
Jerônimo Savonarola (1452-1498)
Nasceu em 1452 em Florença Itália formou-se médico na Universidade de Ferrara. Ingressou no mosteiro dominicano de Bolonha, em 1473 e foi enviado a Ferrara como pregador em 1481. Em 1482, seguiu para Florença onde se tornou famoso pregador. Foi nomeado reitor do mosteiro dominicano de Florença, mediante a influência de Lorenzo de Médice, em 1490
Pregava, como um dos profetas hebreus, para vastas multidões que enchiam sua catedral. Seus sermões eram contra a sensualidade e o pecado da cidade e os vícios do papa. Nem mesmo o clero escapou de sua sinceridade e coragem, que não conheciam limites.
Savonarola atacou frontalmente os vícios dos religiosos de sua época: “Se vós soubésseis as coisas repugnantes que eu sei! – dizia ele diante da multidão que o ouvia, surpresa. E então, corajosamente, sentava a igreja dominante no banco dos réus e a julgava:
“Vem cá, igreja infamada! Ouve o que te diz o Senhor. Dei-te formosas vestimentas, e tu exercestes com elas a idolatria. Com os vasos preciosos tens alimentado o teu orgulho, tens profanado o que antes era sagrado; a sensualidade te precipitou na vergonha. És pior que uma besta; és um monstro repugnante…Ergueste uma casa de imoralidade e te converteste, em toda parte, numa casa de perdição.
“Tomaste assento no trono de Salomão e passaste a atrair o mundo às tuas portas. Quem tem dinheiro entra, e pode fazer tudo o que quer, porém quem não tem dinheiro mas deseja o bem, é desconsiderado e expulso.”A cidade penitenciou-se e se reformou, mas os sermões de Savonarola vinham incomodando o Papa Alexandre VI , que procurou lançar mão de todos os meios possíveis para fazer o monge calar e tentou até suborná-lo com o chapéu cardinalício, mas em vão. Travou-se então uma luta ferrenha, que culminou na excomunhão, prisão, tortura e morte de Savonarola.
Com a queda dos Médices, em 1495, passou a liderar o conselho de Florença, acusado por Alexandre VI, em 23 de maio de 1498 acabou sendo enforcado e queimado na grande praça de Florença. Isso aconteceu dezenove anos antes das 95 teses de Lutero. Esse homem de Deus nos ensinou o que é fervor verdadeiro diante de uma sociedade corrompida.
Todos estes três homens anteciparam o espírito e as obras dos reformadores de tal modo que Wycliffe, o principal expoente de medidas reformadoras, foi chamado de “Estrela D’alva da Reforma”.
Fontes Consultadas:
http://hellengleici.blogspot.com.br/2011/01/licao-6-os-pre-reformadores.html
http://aquieuaprendi.blogspot.com.br/2014/04/os-pre-reformadores.html
http://creremjesus.blogspot.com.br/2014/03/a-igreja-medieval-e-os-pre-reformadores.html
http://marcioamaral.webnode.com.br/teologia/os-pre-reformadores/
http://raydfran.blogspot.com.br/2015/05/historia-da-igreja-pre-reforma-reforma.html
https://www.passeidireto.com/arquivo/18496798/historia-do-cristianismo—a-knight/41
http://www.protestantismo.com.br/reforma/reformadores_antes_reforma.htm
http://jeffersonmagnocosta.blogspot.com.br/2012/04/jeronimo-savonarola-o-padre-que-morreu.html
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