Introdução ao livro do Apocalipse
O livro das consumações, apogeu da revelação divina, todos os livros da revelação divina, tanto os livros do Antigo Testamento como os do Novo Testamento se encerram nesse livro. Este livro foi redigido originalmente em grego e começa com a mesma palavra do título apokalypsis, tem diversos significados e o significado mais simples é descobrir algo que está encoberto, mas no Novo Testamento a palavra é aplicada geralmente no sentido religioso, no sentido especial de revelação sobrenatural de verdades divinas desconhecidas aos homens. Foi uma mensagem dirigida em primeiro lugar às igrejas concretas, às comunidades contemporâneas do escritor mostrando que Cristo cumpriu o plano redentor traçado por Deus, é uma mensagem de Jesus à igreja, mensagem esta referente à sua volta, apocalipse 22:20-certamante, venho sem demora.
É uma mensagem de incentivo, de ânimo, de esperança, de perseverança. O apocalipse testifica a respeito da ressurreição de Jesus Cristo, é um testemunho expresso em uma linguagem característica rica em símbolos, imagens e visões. O livro do Apocalipse pretende ser uma revelação dos eventos que ocorrerão no fim do século e do estabelecimento do Reino de Deus. A teologia básica, do livro, portanto, é sua escatologia. Ele declara ser uma profecia das coisas que brevemente tem que acontecer (1:2,3), cujo evento central é a segunda vinda de Jesus Cristo (1:7). Contudo, a interpretação deste livro tem sido a mais difícil e confusa de todos os livros do Novo Testamento, várias formas e métodos interpretativos tem surgidos e por isso é importante conhece-los para que possamos criticar e purificar nossa própria opinião.
O gênero do livro pertence ao mesmo gênero literário dos apocalipses judaicos como Enoque, A Assunção de Moisés, IV Esdras, O Apocalipse de Baruque e outros. Do estudo dessa literatura podemos extrair diretrizes distintas que nos ajudam a interpretar o Apocalipse. Esses livros são semelhantes no sentido de que dizem ser revelações de eventos desconhecidos ao homem e de utilizarem símbolos, visões, assuntos comuns como o fim do mundo, juízo divino, condenação, purificação, etc…, mas, temos que ter em mente que o Apocalipse difere da literatura apocalíptica judaica em diversos aspectos. Estes são pseudônimos, ou seja, atribuídos aos santos de Israel, os autores apocalípticos são pessimistas, isto é, perdem a esperança de Deus na atuação da história.
Apesar de ser repleto de elementos com referência ao Antigo Testamento, não há citações semelhantes aos escritos apocalípticos judaicos. As circunstâncias do livro de Apocalipse são angustiantes, pois o povo estava submetido ao poder político e militar do Império Romano. Esta era a situação do século I d.C. a Palestina estava dominada por esse império. Naquele momento, as leituras alentavam as pessoas e renovavam as suas esperanças com descrições de um futuro próximo em que a vitória gloriosa de Deus sobre todos os seus inimigos haveria de inaugurar para Israel uma era de paz e bem estar sem fim. O livro retrata as circunstâncias históricas do reinado de Domiciano, o qual exigiu que todos os seus súditos lhe chamassem de “Senhor e Deus”.
Sem dúvida, o decreto do Imperador originou um confronto entre os que se dispunham a adorá-lo e os crentes fiéis que confessavam que somente Jesus era “Senhor e Deus”. O livro foi escrito num período em que os crentes enfrentavam intensa perseguição por causa do seu testemunho. Os cristãos se opunham ao paganismo de Roma e a religião estatal expressa no culto do imperador divinizado, este era um culto que, com caráter oficial e obrigatório, que se celebrava em altares e templos erigidos tanto na capital do Império com nas suas províncias distantes e ao se recusarem a tomar parte naquelas cerimônias, foram considerados inimigos de Roma e foram perseguidos até a morte.
O autor do livro
O livro é atribuído a João, mas essa autoria do livro é discutida por alguns eruditos, pois o autor do livro simplesmente menciona seu nome como João (1.1, 1.4, 21.2, 22). Quem era esse João? Do estilo do livro podemos deduzir que ele era um cristão de origem hebraica, conhecendo de ponta a ponta o Antigo Testamento. A igreja dos primeiros tempos em geral aceitou como sendo do apóstolo de Jesus Cristo, o autor do quarto evangelho. No ano de 150 d.C. Justino Mártir concorda com essa autoria e posteriormente por volta de 200 d.C Irineu também concorda, ambos residentes da Ásia. Os pais da igreja também aceitavam essa autoria apostólica, no entanto, João não se chama de apóstolo e que em 21:14 ele menciona o grupo dos apóstolos sem mencionar que fazia parte deles, mas afirmou que, isso sim, ser um profeta 22:9, e disse que seu livro era uma profecia (1:3, 22:7, 10, 18, 19).
Se autor não era o apóstolo era um profeta bem conhecido de todas as igrejas da Ásia, pois no livro introdução e comentário da série cultura bíblia da editora vida nova do autor George Ladd é mencionado que há muitas dificuldades para reconhecer o Apocalipse e o quarto evangelho como sendo do mesmo autor e que de haver semelhante entre eles (só no quarto evangelho e Apocalipse Jesus é chamado de Logos). A linguagem do evangelho é suave, fluente em grego simples e direto, já a linguagem do Apocalipse é rude e impolida, com muitas irregularidades gramaticais e sintáticas.
Mediante algumas referências bíblicas percebemos que no mundo antigo era comum o uso de amanuenses ou secretários (Rm 16.22). Talvez isso explique as diferenças de estilos entre o evangelho e o Apocalipse. Possivelmente João ditou o evangelho a um discípulo, enquanto o Apocalipse está no seu próprio grego rude de hebreu.
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