Introdução ao Antigo Testamento
Resumo do livro: Introdução ao Antigo Testamento
Autor: Werner H. Schimdt, Editora: Sinodal
Iniciaremos falando sobre o Pentateuco.
Os cincos primeiros livros de Moisés são chamados em hebraico de Torá, seria mais apropriado traduzir esse termo por orientação do que por Lei, de início é considerado exortação dos pais ( Pv 1:8, 4:3) ou a instrução do sacerdote num caso concreto (Ag 2:11), só mais tarde assume o significado genérico de livro da Lei, está associado ao nome de Moisés ( Js 8:31, 23:6, 2Rs 14:6), o nome greco-latino pentateuchus, ou seja, livro guardado em cinco vasos.
O costume antigo era transcrever textos mais extensos não em forma de livros mais em forma de rolos de papiro ou couro e guardar em recipientes especiais, esse material por ser extenso é dividido em cinco rolos.
O Pentateuco é composto por narrativas e mandamentos entrelaçados, as leis descritas a partir de Ex 20, não são leis atemporais, mas são para o quadro histórico de Israel, o livro relata desde a criação do mundo até a morte de Moisés e a permanência frente à terra prometida.
No hebraico o nome dos livros são designados por suas palavras iniciais, já os nomes dos livros no greco-latino selecionam um acontecimento principal.
Críticas referentes à autoria Mosaica do Pentateuco
A tradução judaico-cristã atribuiu a autoria do Pentateuco a Moisés, o A.T atribui partes como determinadas leis (Ex 24:4, 34:27), já no I séc. d.C. Josefo e Filo concordam com autoria Mosaica, e mais tarde foi adotada pela igreja cristã.
O N.T já utiliza o nome de Moisés para designar o Pentateuco (Mc 12:26, Jo 1:17, At 13:38).
Dúvidas foram manifestadas já no séc. XII pelo estudioso judeu Ibn. Esra, no séc. XVII por T. Hobbes, B. Espinoza, R. Simon e outros.
Depois dos descobrimentos das fontes do Pentateuco, já não era mais possível, considerar Moisés o autor do Pentateuco.
Em 1711 Hunng Bernhard Witter, pastor de Hildeshin percebeu a alternância no nome de Deus que estava escrito em passagens com Elohim e outras com Javé.
Em 1753 Jean Astruc, o médico de Luís XV dividiu o Gênesis em Dois ou Três fios narrativos com base nos nomes de Deus, com isso se assentou o fundamento da crítica literária.
Datação das fontes
Depois de se conhecer as fontes escritas o próximo passo foi descobrir em que datas foram escritas, e o ponto de partida foi através do deuteronômio que está relacionado com a reforma do rei Josias em 622 a.C.
Javista (J) – 950. a.C – época de Salomão antes da chamada divisão do reino.
Eloísta (E) – 800. a.C – antes do assim chamado profetismo escrito, especialmente Oséias.
(Proto) Deuterônomio (D) – aproximadamente século VII a.C antes da reforma de Josias que ocorreu em 622. a.C.
Escrito Sacerdotal (P) – aproximadamente em 550 a.C. complementações na época pós-exílica.
Várias redações ligaram as fontes escritas originalmente independentes entre si, de forma a criar uma história harmoniosa e coesa da pré-história de Israel. Aí foram inevitáveis certas alterações, reagrupamentos, omissões e também acréscimos.
Impulsos e critérios principais para a separação das fontes no Pentateuco continuam sendo duplicações de textos ou parte de textos, frases e eventualmente elementos sintáticos e a alternância de nomes de Deus ou designações de Deus (Javé, Elohim).
A época da fixação escrita de um texto pouco revela sobre a idade do seu material ou conteúdo, o que foi codificado na escrita numa época tardia não precisa necessariamente ter surgido tarde, ou o primeiro testemunho escrito não precisa necessariamente reproduzir de modo imediato o acontecimento histórico que descreve, pelo contrário, em regra ambos, o acontecimento e o relato, estão separados por uma fase mais ou menos longa de tradição oral, e nesse processo de tradição oral pode ter sido introduzido alguns acréscimos e variações.
Alguns textos bíblicos como a da criação foram adaptados de outras culturas, como a texto da criação que se apropriou do mito babilônico da criação Enuma Elish, o mesmo acontece com Salmos, textos Sapienciais, etc..
Temos que ler a bíblia entendendo que existem diversos gêneros, momentos e lugares e cada momento tem um tipo de discurso diferente.
A bíblia possui gêneros narrativos diferentes que são compostos por: Sagas, mitos, novelas.
Mito – histórias de deuses, cujos protagonistas são os deuses, história fictícia, fala de origem cosmogônico.
Saga – história que procura mostrar a origem de algo, culto, costume, santuário, quando mais curta, sucinta e coesa for um saga, tanto mais antiga ela é.
Novelas – é mais extensa que o conto, contém uma carga emocional grande, narrativa muito extensa, cheia de drama, tragédia, etc…, um exemplo é a história de José.
Obra Historiográfica Javista
A obra historiográfica Javista é a mais antiga que se conhece, o Javista é o primeiro que concebeu a idéia de uma história universal unitária onde os acontecimentos em Israel se enquadram e exercem uma função bem específica.
O surgimento foi na época áurea de Salomão, por volta de 950 a.C.
O Javista interpreta as tradições preexistentes, introduzindo em passagens decisivas “falas de Javé”.
O Javista menciona em sua obra os povos vizinhos, relacionando-os com a conquista de Davi, com isso mostrando que eles estavam destinados por Deus para serem destruídos.
Há um consenso geral de que o Javista inicia em Gn 2:4bss, mas não se sabe onde termina, essa foi uma época de muita exploração por parte do rei Salomão.
O Javista coloca Deus como criador da humanidade e merece ser adorado.
Obra Historiográfica Eloísta
Sua origem acredita-se Matin Noth foi no reino do norte, por volta de 800 a.C. e que se inicia com a história dos patriarcas, se destaca no Eloísta a tendência de mostrar a transcendência de Deus, não se preocupa em relatar um encontro imediato entre Deus e o ser humano, mostra uma certa distância.
Por meio de um mensageiro Deus se deixar representar no mundo visível, o Eloísta enfatiza o “Temor a Deus”, mostra um Deus que habita no céu.
O Escrito Sacerdotal
Procura dar uma descrição precisamente delimitada do respectivo fenômeno, surgiu aproximadamente em 550 a.C. na época pós-exílica, apresenta mais números do que as fontes escritas mais antigas, mostra uma cronologia exata, relata informações genealógicas.
O Escrito Sacerdotal da bastante ênfase ao culto correto, preservação da pureza e santidade, transmite leis cúlticas, orientação aos sacerdotes, descreve com detalhes minuciosos a construção do Tabernáculo.
Esse escrito Sacerdotal trouxe complementos sobre os outros escritos, essas complementações ocorreu no período pós- exílico.
Tem seu início na história da criação em Gn 1-2:4b, quanto ao seu final não há um consenso.
As Leis
Essas páginas falam sobre as Leis, as Leis são estatutos que regulamentam a comunhão com Deus. No Pentateuco encontramos ao lado das passagens narrativas, extensas passagens que contém leis.
Essas leis são vinculadas a figura de Moisés.
Apartir de Ex 20 encontramos trechos que contém leis.
O decálogo, ou seja, os Dez Mandamentos – eles são categóricos e incondicionais, advertem contra o delito antes que seja cometido, constituem instruções para a vida. Os Dez Mandamentos apresentam o relacionamento com Deus, mostrando ao povo que eles devem adorar exclusivamente a Deus, proibindo a construção de imagens, eles servem também de proteção ao próximo. A vida, a liberdade, o matrimônio e a propriedade do próximo são resguardados da intromissão alheia.
O código da aliança, que é uma coleção de leis mistas.
Lei da santidade, Lv 17-26 Deus ordena obediência e santidade do povo, separação total de todos os costumes e práticas dos povos vizinhos.
O Deuteronômio
O Deuteronômio relata a doação indivisa ao único Deus, fala do amor de Deus exorta o povo a amar somente a Deus.
O Deuteronômio é considerado segunda lei, sendo que a primeira é do Sinai. Depois desse escrito todos os demais conhecem somente um único santuário, ele representa a fala de Moisés dirigida ao povo.
O Deuteronômio é bem específico em dizer que a desobediência as leis trariam sérias e duras conseqüências ao povo, surgiu entre 750 a.C e 622 a. C.
Ele relata o relacionamento entre Deus e povo, ele fundamenta o amor de Deus, mostra ao povo que eles são eleitos, escolhidos e formam uma unidade com Deus, é composto por promessas e juízos.
Obra Historiográfica Deuteronomística
É uma reflexão sobre a história de Israel e o que os levaram a perder a terra, Israel perdeu a terra porque não quis depender de Deus.
A Obra historiográfica Deuteronomística compõe se dos livros históricos que na bíblia hebraica esses livros são conhecidos como profetas anteriores: Josué, Juízes, 1 Samuel, 2 Samuel, 1 Reis e 2 Reis.
A Obra historiográfica Deuteronomística mostra que Israel não seguiu a orientação de Deus expressa no livro do deuteronômio, ao contrário foi desobediente em tudo e se apostatou, então Deus os castigou severamente.
O próprio povo foi responsável por sua destruição.
Em Juízes o povo erra, vacila diversas vezes entre Javé e Baal, no livro de Reis, o rei se torna culpado por desviar o povo.
Nesse período dos reis temos a contestação dos profetas contra a monarquia, que oprimia o povo, se utilizando do sistema político e religioso.
Os profetas representavam determinados setores, o que caracterizava o profeta é a denúncia que fazia de uma situação da época, eles denunciavam a exploração social.
A Obra historiográfica Deuteronomística não expressa nenhuma esperança de um futuro.
A Obra Historiográfica Cronista
A Obra Historiográfica Cronista é colocado na bíblia hebraica entre os escritos, ela cita fatos omitidos nos livros de Samuel e Reis, relatam a história de Israel até o exílio, fazem parte dessa obra os livros de Esdras e Neemias, já nas traduções grega, latina e portuguesa está entre os livros históricos.
As Crônicas mencionam grandes números de fontes perdidas, tanto sobre os reis, como também sobre os profetas, é dada grande importância para a monarquia davídica e o profetismo.
Os dois livros de Crônicas contam a história de Adão até o exílio babilônico, nessa genealogia procura mostrar que o rei Daí faz parte da semente de Adão.
Já os livros de Esdras e Neemias narram à migração dos exilados, a construção do templo, dos muros e da reconstrução da comunidade de Jerusalém.
Profetismo
Profeta vem do hebraico Navi ou Nabhi, a bíblia em algumas passagens mostra os profetas em estado de transe emitindo palavras, num estado estático, a profecia judaita associa mais a profecia com visão, havia várias categorias de profetas,
Os oráculos já eram utilizados muito antes dos profetas, esses intermediários não vêm propriamente do povo de Israel, nos outros povos já existiam esses intermediários como nos relata em Nm 24:3 que narra a história de Balaão.
Em algumas passagens vemos a música como instrumento que facilitava os profetas em seu estado de transe conforme esta escrito em 1 Sam 10:5- que menciona um grupo de profetas descendo do Santuário com saltérios, tambores, flautas, e harpas; e eles estarão profetizando.
Existia dois tipos de profetas: os profetas do centro que eram aliados ao poder, e o profeta de periferia que eram aliados as classes exploradas.
Profetas representavam setores da sociedade, o livro recebe o nome do profeta por serem coleções de ditos do profeta, o livro não nasce de uma única vez, mas leva um período extenso e a comunidade também deixa sua marca no texto, muitas vezes os profetas reproduzem os ditos de Javé de forma poética, os profetas da periferia atuam na causa social denunciando a exploração dos poderosos sobre o povo.
Os profetas faziam gestos ou usavam símbolos para reforçar sua mensagem.
Oséias
Faz parte dos Doze Profetas, é o mais extenso dos livros dos profetas menores, foi considerado o mais antigo desses profetas ele atuou durante o governo do rei Jeroboão II.
O ponto central desse livro é trazer a memória de Javé ao povo, apresentar a palavra de Javé, este livro não é uma biografia de Oséias.
Acredita-se que Oséias era levita, pois conhecia as formas cúlticas, e o deuteronômio.
Muitos interpretam essa história de Oséias como um profeta que por ordem de Deus se casa com uma mulher de prostituição, e essa mulher mesmo depois de casada com Oseías volta a se prostituir, e ele mais uma vez torna a busca- lá.
Esse equívoco acontece por causa da tradução da Septuaginta e da Vulgata.
Esse termo mulher de prostituição foi traduzido erroneamente do termo Zoná que significa mulher independente, autônoma, que queria ter uma vida livre e trabalhava vendendo tecido e azeite.
Pra essa época isso era algo absurdo contrariava a cultura da época.
Deus queria mostrar para Oséias que o povo estava como essa mulher Zoná, que queria ter uma vida independente Dele, o povo queria viver longe da autoridade de Deus.
Oséias denúncia os problemas sociais, políticos, o sangue estava sendo derramado pelos poderosos, os sacerdotes corruptos explorava o povo, os cultos se tornara em arapucas, a religião é usada como massa de manobra para exploração e controle do povo.
O Saltério
O Saltério faz parte dos ditos poéticos, poesia hebraica eles são hinos chamados também de cânticos de louvor.
As características da poesia hebraica é circular, ou seja, são cíclicas, não tem começo, meio ou fim, se utiliza do recurso de repetição, a idéia se repetia durante a poesia para reforçar a idéia.
A construção dos cânticos dos hebreus, não é próprio dos Judeus, isso já se observava em outros povos, como o Sl 104, que é parecido com o Hino de Aton encontrado na parede da tumba.
O livro de Salmos e chamado no hebraico de Tehilim que significa louvor e adoração, e no grego recebe o nome de Psalmós.
Os cabeçalhos indicam o tipo de música, de acompanhamento, o nome para quem é atribuído o Salmo, o livro é dividido em cinco coleções eles são utlizados nos cultos e relatam a experiência da comunidade, seu surgimento ocorreu num período extenso de uma forma progressiva.
Os Salmos possuem diferentes gêneros e para cada momento litúrgico se utiliza de um Salmo.
Os gêneros são: Salmos de romaria (peregrinação ou subida), Salmos didáticos ou sapienciais (sabedoria), Salmos de lamentação ( trazer a memória algo triste), Salmo de entronização (evocar a grandeza de Deus), Salmos reais (realeza, fala sobre o rei), Salmos de Sião ( lugar invencível onde Deus habita) e Salmos de amor.
Cantares
Cantares, sua interpretação alegórica transfere o relacionamento entre amantes ou noivos, celebrado nos cânticos ao relacionamento de Javé com Israel na interpretação dos primórdios do judaísmo.
Já numa interpretação cristã é o amor de Cristo com sua noiva a igreja.
Mas a sua interpretação no sentido literal se refere à relação entre um deus e uma deusa, a interpretação natural, literal compreende Cantares como uma coleção de diversos cânticos de amor originalmente independentes, os cânticos relatam a graça e a beleza da mulher, contem comparações e alusões.
Esse livro fala da beleza do ser humano e também da beleza da natureza.
Eclesiastes
Eclesiastes (Cohélt, Pregador) é um livro sapiencial (sabedoria), acredita-se que não foi Salomão que escreveu, o autor se esconde na figura do rei, esse é um livro realista, fala sobre dias felizes e dias maus, fala que a vida é como um vapor, como uma vaidade que logo passa, o autor diz que se deve aproveitar a vida, enquanto há saúde, porque virá tempo que não haverá saúde, aproveitar a felicidade porque depois virá tempos de tristezas, tudo é marcado por tempos todas as coisas estão debaixo de um limite.
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