Concílios Ecumênicos nos séculos 4-5 a. D
Resumo sobre os Concílios Ecumênicos ocorridos nos séculos 4º-5º a. D., as tendências doutrinárias combatidas em cada um deles, seus expoentes, os posicionamentos a que os presentes chegaram e os Pais da Igreja que os influenciaram.
Constantino torna o cristianismo numa religião Imperial e estatal, começa assim a cristianização do Império e a interferência imperial nos assuntos da igreja.
De um movimento perseguido como era o cristianismo de repente surgiu da escuridão da sociedade romana e assumiu, quase da noite para o dia, a liderança espiritual do vasto e poderoso império.
Começou a surgir muitas discórdias e divisões no cristianismo sobre questões teológicas e esses problemas não poderia unir o Império fragmentado.
Os mesmos crentes que sofreram terríveis perseguições durante o governo de Diocleciano e Galério exigiam agora que seus companheiros cristãos que pensavam de modo diferente deles sobre a doutrina fossem reprimidos ou banidos das igrejas pela força do Estado.
Um Concílio Geral consiste numa reunião formal de representantes da Igreja, junto com o Papa (mas nem sempre), para tomar decisões dogmáticas e pastorais, que possam ajudar no crescimento da Igreja, na eliminação dos erros e na difusão das verdades da fé.
Os concílios ecumênicos foram convocados na tentativa de alcançar alguma forma de consenso ortodoxo para se estabelecer uma cristandade unida para suportar a igreja estatal do Império Roman
Concílio de Nicéia 325
Em Alexandria o pastor Ário da influente igreja de Baucalis, entrou em conflito com seu bispo Alexandre.
Aproximadamente em 318 Ário desafiou os mestres da igreja de Alexandria ao declarar que a Palavra (Logos) que se fez carne em Jesus Cristo (Jo 1.14) não era o verdadeiro Deus e que possuía uma natureza completamente diferente, não era eterno e nem onipotente.
Para Ário quando os cristãos chamavam Cristo de Deus, não queria dizer que ele era divindade, a não ser em certo sentido.
Ele foi um ser menor ou semideus, não o Criador eterno e imutável.
Para Ário o filho tem um começo e Deus não tem um começo, essa ideia parecia com a religião em seus primórdios o gnosticismo, parecia mais razoável pensar em Cristo como uma espécie de herói sagrado maior que o ser humano comum, mas numa posição inferior ao Deus eterno.
Constantino reconheceu que precisava acalmar os ânimos e controlar esse debate explosivo em 325 convocou o concílio em Nicéia, não muito distante de Nicomédia, na Ásia Menor.
Com mais de trezentos bispos reunidos, a disputa com o arianismo foi resolvida rapidamente, o ponto principal era saber se a condenação de Ário pelo bispo Alexandre seria mantida, pois Alexandre em 320 havia convocado um sínodo em Alexandria e os clérigos reunidos condenaram a pregação de Ário e excomungaram-no, quando ele pediu ajuda ao seu amigo Eusébio, bispo de Nicomédia e com o apoio de seus amigos Ário tinha voltado a Alexandria.
O credo oferecido por Eusébio de Cesaréia foi rejeitado.
Escreveu-se o credo de Nicéia, com as declarações “gerado, não feito… consubstancial com o Pai (homo-úsios)”. Foram rejeitadas frases arianas, tais como “havia tempo quando ele não era”, e “feito do que não era”. Foram exilados os poucos que não aceitaram a fórmula nicena. A unidade eclesiástica foi o grande objetivo do imperador.
Se o arianismo tivesse vencido o cristianismo se degeneraria a uma forma de paganismo, a fé cristã teria tido dois deuses e um Jesus que nem era Deus nem homem.
Concílio de Constantinopla 381
O Concílio de Constantinopla foi convocado pelo imperador romano Teodósio, o concílio reuniu-se na Igreja de Santa Irene, de maio a junho de 381, sendo esse, o segundo concílio universal da igreja, e o primeiro dos três que foram realizados em Constantinopla.
O concílio foi presidido sucessivamente por Timóteo de Alexandria, Manuel da Antioquia, Gregório Nazianzeno e Nectario, arcebispo de Constantinopla.
Houve uma discussão sobre o arianismo e o concílio reconfirmou o Credo cristão (niceno-constantinopolitano) com algumas modificações, e tratou de outros assuntos teológicos. O papa Dâmaso não compareceu nem mandou delegados do ocidente cristão, mas ainda assim este concílio é considerado legítimo e parte da história da Igreja.
A relação do Espírito Santo com o Pai, foi outra questão doutrinária discutida nesse concílio, Macedônio, bispo de Constantinopla de 341 a 360, ensinava que o Espírito Santo era “ministro e servo” no mesmo nível dos anjos. Acreditava que o Espírito Santo era uma criatura subordinada ao Pai e ao Filho. Essa era uma negação da verdadeira divindade do Espírito Santo que seria tão maléfica à doutrina do Espírito Santo como foram às ideias de Ário acerca de Cristo. O concílio ecumênico de Constantinopla condenou as ideias de Macedônio
O concílio também condenou o apolinarismo, uma doutrina que ensinava que não havia mente ou alma humana em Cristo. Foi também neste concílio que Constantinopla recebeu a precedência sobre todas as outras igrejas, com exceção de Roma.
No oriente dois grandes centros teológicos se opuseram nesta questão: Alexandria e Antioquia. Em Alexandria, a Bíblia era vista sob os holofotes da filosofia, e posta acima dela como um conjunto de alegorias das quais era possível retirar verdades eternas e imutáveis, quanto a Jesus, o destaque era dado à sua função de portador destas verdades e não à sua pessoa “por isso os teólogos Alexandrinos davam ênfase especial à divindade de Jesus Cristo”.
Uma das primeiras e principais vozes de Alexandria foi Orígenes que, ao falar de Jesus Cristo, cunhou o termo “Deus-homem”. A partir de ideias do famoso filósofo grego Platão, Orígenes desenvolveu um misticismo intenso e fervoroso centrado na Palavra (Logos) divina.
Suas ideias se concentravam no pensamento de que em Cristo o encontro entre Deus e a humanidade aconteceu perfeitamente e que os cristãos deveriam se esforçar para imitar esse encontro.
Já em Antioquia a situação era oposta. Por causa de sua proximidade com a Palestina e a inevitável relação com o Jesus histórico, os antiocanos sempre tenderam a avaliar as escrituras em seu contexto mais literal. “Desta perspectiva, ao falar da pessoa de Jesus Cristo, o importante não era sua função como mestre de verdades eternas, ou como revelação do Pai inefável, mas sua realidade histórica, sua humanidade, que era como a nossa.”
A escola de Antioquia enfatizava a natureza humana, essa escola teológica em geral, interpretava as Escrituras de uma maneira mais direta.
Os principais mestres dessa posição tendiam a enfatizar a figura humana dos Evangelhos. Eles encontravam virtudes especiais no exemplo e na realização de Jesus.
Os teólogos de Antioquia, consequentemente enfatizavam a completa humanidade de Cristo. De acordo com David F. Wright, a união do corpo e da alma não afeta de modo algum a totalidade e a normalidade da natureza humana. Depois que a Palavra se tornou carne, as duas naturezas permaneceram distintas. Na pregação e Antioquia, elas podiam parecer dois seres, Deus e homem, o Filho de Deus e o Filho de Maria, ligados ou associados, em vez de pessoalmente unidos.
Como um receptáculo habitado pela Palavra, Jesus não era diferente dos profetas e apóstolos, a não ser pelo fato de desfrutar da plenitude perfeita da graça e do poder. De acordo com o teólogo, a Palavra habitava o homem Jesus como se habitasse um templo.
Ainda durante a discussão ariana, levantou-se o bispo Apolinário de Laodicéia, amigo de Atanásio, de que não seria possível a união do verdadeiro Deus com a humanidade em Jesus Cristo, expôs sua doutrina, segundo a qual a alma racional de Jesus era o próprio Verbo Divino.
Nesta época acreditava-se que todo o ser humano era formado por um corpo, e alma que era a essência de vida, e esta seria a base da personalidade e intelecto do indivíduo.
Para ele na encarnação, a Palavra (Logos) divina, substituía a alma viva e racional num corpo humano, criando uma “unidade de natureza” entre a Palavra e seu corpo.
Para Apolinário, Jesus possui um corpo e uma alma racional substituída pelo Logos, ou seja, sua mente e personalidade eram divinas.
Jesus não tinha uma psicologia humana normal, e como explicar sua ignorância quando confessara que não sabia o dia do retorno do Filho do Homem, seus sinais de fraquezas, cansaço, etc…
E se todas suas decisões fossem divinas, como seria possível o homem ser salvo? Como o homem com sua mente racional humana e finita poderia admitir seus pecados, e vencer as tribulações da vida, sendo que Cristo as venceu sendo divino.
Embora esta ideia não parecesse má à primeira vista, e até se encaixasse dentro da proposta dos teólogos de Alexandria, logo perceberam que ela punha por terra toda a essência da encarnação de Cristo, pois afinal um ser que ao invés da alma racional, possuísse o próprio verbo divino, não poderia ser plenamente humano, já que é lá que se encontram os desejos e sentimentos humanos.
Essa questão, estava principalmente relacionada à soteriologia, que dizia, que se a Salvação se baseia no fato de Deus, em Cristo, ter tomado a nossa humanidade, para assim nos salvar, como pode nos salvar um Jesus em quem Deus assumiu somente o corpo humano, e não a alma racional? A qual está localizada os piores pecados.
Nesse concílio fica declarado que Cristo é totalmente humano, define-se à confirmação divindade do Espírito Santo e a condenação de todos os defensores do arianismo, sob quaisquer de suas modalidades.
Concílio de Éfeso 431
O Concílio de Éfeso foi uma reunião de líderes cristãos que se desenrolou, em cinco sessões, entre 22 de Junho e 31 de Julho de 431 na cidade de Éfeso. Em 431 foi convocado pelo imperador Teodósio II e teve como resultados a condenação da heresia cristológica e mariológica de Nestório.
Nos escritos da igreja primitiva a palavra traduzida para o termo “Mãe de Deus” é o termo grego theotokos, essa palavra significa literalmente “portadora de Deus”.
Ela se tornou um título para Maria, de forma que você frequentemente a encontrará sendo chamada de theotokos em escritos devocionais e teológicos. Mas, de onde veio o termo “Maria mãe de Deus”. Alguns alegam que este é simplesmente o termo teológico mais mal usado. Maria é a “mãe de Deus”.
A lógica parece inescapável: Jesus é Deus, veio em carne humana. Maria é a mãe de Jesus. Portanto, Maria é a mãe de Deus. O que poderia ser mais simples?
Por volta do começo do século IV, Alexandre Bispo de Alexandria, usou pela primeira vez o termo Maria é a “mãe de Deus” quando falou de Maria.
No século V, Nestório ensinava que Maria era só mãe do Cristo-homem, porque lhe parecia absurdo uma criatura ser mãe do criador.
Com essa rejeição, Nestório deu a entender que sustentava que Cristo se unia em duas pessoas. Embora nunca tenha separado Cristo em “dois filhos”, Filho de Deus e filho de Maria, recusou-se a atribuir à natureza divina os atos e sofrimentos humanos do homem Jesus. Certa vez, disse ele: “As natureza são separadas, mas unidas na adoração”.
O perigo básico da posição de Nestório, portanto, era que ela conduzia a um Jesus que era duas “pessoas”, com nenhuma conexão real entre o divino e o humano.
Aqueles que defendiam o uso de theotokos, assim o faziam insistindo que o Messias era totalmente humano e totalmente divino a partir do momento da concepção; por conseguinte, a criança que nasceu não era somente uma criança humana com a deidade habitando nela, mas era o Deus-Homem, o Encarnado.
O que é vitalmente importante é que o termo “Portadora de Deus”, conforme usado nos credos e conforme aplicado a Maria naquelas controvérsias, dizia algo sobre a natureza de Cristo, não sobre a natureza de Maria.
“Mãe de Deus” é uma frase que tem significado apropriado teológico somente em referência a Cristo.
Cirilo contestava com veemência, afirmando que não podia haver dois Cristos, um homem e outro Deus. E havendo um Cristo só, embora com duas naturezas inseparáveis.
O Concílio deu razão a Cirilo de Alexandria, com o apoio de Celestino I, bispo de Roma e declarou herética a posição de Nestório que foi banido da capital e morreu exilado no Egito por volta de 450.
E nesse concílio ficou decidido que Cristo é uma pessoa unida.
Concílio da Calcedônia 451
O Concílio de Calcedônia foi um concílio ecumênico realizado entre oito de Outubro e um de Novembro de 451 em Calcedónia, uma cidade da Bitínia, na Ásia Menor, foi convocado pelo sucessor de Teodósio, o imperador Marciano (450-457).
Foi o quarto dos primeiros sete Concílios da história do cristianismo, onde foi repudiada a doutrina de Eutiques do monofisismo e declarando a dualidade humana e divina de Jesus, a segunda pessoa da Santíssima Trindade.
Ele combinava as duas naturezas tão intimamente que a natureza humana aparecia completamente absorvida pela divina.
Embora o Concilio de Nicéia tenha proclamado que Jesus era plenamente Deus, a igreja ainda precisava compreender sua natureza humana. De que maneira o humano e o divino se inter-relacionavam no Filho?
A influência grega permeava os pensamentos da Escola Alexandrina. Muitas pessoas de Alexandria tinham um histórico filosófico de origem grega. Teologicamente, acreditavam que Jesus fora plenamente humano, mas eles tinham a tendência de enfatizar mais o Cristo como Palavra divina (Logos) que o Jesus humano.
Quando essa questão era levada ao extremo, existia a tendência de obscurecer a humanidade de Jesus a favor de sua divindade.
Apolinário, um dos principais defensores de Alexandria, lutara bravamente contra heresias como o arianismo e o maniqueísmo. Contudo, cometeu um deslize, equivocando ao afirmar que, na encarnação, o Logos divino substituíra a alma humana, de modo que a humanidade de Cristo fora apenas corpórea. Em 381, o Segundo Concilio Ecumênico condenou esse ensinamento.
Durante o Concilio de Calcedônia foi lida uma afirmação sobre a natureza de Cristo, chamada tomo [carta dogmática], de autoria do papa Leão. Os bispos incorporaram seu ensinamento à declaração de fé que foi chamada de Definição de fé de Calcedônia.
Nessa Definição de fé, Cristo “reconhecidamente tem duas naturezas, sem confusão, sem mudança, sem divisão, sem separação, a propriedade característica de cada natureza é preservada e se reúne para formar uma pessoa”. Essa concepção condenava as ideias de Apolinário e Eutíquio, além das posições atribuídas a Nestório.
Calcedônia foi o primeiro concilio no qual o papa exerceu papel importante, cada vez mais o foco da batalha seria entre Roma e Constantinopla. Calcedônia foi o último concilio que tanto o Ocidente quanto o Oriente consideraram oficial, com relação à definição dos ensinamentos corretos.
Esse também foi o último em que todas as regiões foram representadas e conseguiram concordar em questões fundamentais.
Embora Calcedônia não tenha resolvido o problema de como Jesus era tanto Deus quanto homem, esse concílio estabeleceu limites ao definir como incorretas certas interpretações.
Mas Cristo é Humano e Divino em uma só pessoa.
Fontes consultadas:
http://wwwildinholopes.blogspot.com.br/2010/04/concilio-de-constantinopla.html
http://doutrinacatolica-antes-vaticano2.blogspot.com.br/2014/05/concilio-de-constantinopla-381-dc.html
http://teologiaemalta.blogspot.com.br/2015/12/concilio-de-constantinopla-i-em-381.html
http://www.a12.com/redacaoa12/igreja/historia-dos-concilios-gerais-da-igreja
https://www.ecclesia.com.br/biblioteca/dialogo_ecumenico/os_concilios_da_igreja.html
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